Ele me encontrou à beira do Caminho, levava minha vida numa boa! Ele me convidou pra sentarmos! Me disse o quanto me amava, e me mostrou duas estradas e completou:
- Filha, duas estradas a sua frente, uma é larga, tu terás prosperidade, terás uma vida boa, porém ela te conduzirá a perdição, e nessa estrada eu te seguirei de longe, buscarei sempre um sinal seu para andarmos juntos e tu voltar para a minha real estrada, o meu caminho.
- E a outra? lhe disse eu...
- A outra filha, é uma estrada estreita, apertada, ingrime, sempre fere os pés, mas é imprescendivel para o crescimento da fé e para o conhecimento do meu carater, e nessa estrada eu sempre estarei contigo, Terás também momentos de alegria e paz, mas na maioria do tempo será de luta por fora e paz por dentro, homem externo se corrompendo no tempo, o interior se renovando de dia em dia. Porém, no final quando olhares no espelho terás uma bela e linda surpresa.....
- Puxa, que escolha dificil, Senhor! disse eu...
- é sim, mas essa escolha só cabe a ti...
Fiquei em duvida, afinal quem gosta de saber que vai sofrer? e Como encará-lo de frente?
Ele apenas sorriu e disse:
- Filha eu estarei ao teu lado todos os dias...
- Senhor, sua presença na minha vida não tem preço... tomarei o caminho estreito...
Levantamos, e fomos em direção a estrada estreita, ela era muito ingrime...
No inicio haaviam muitas flores, todas coloridas e variadas, pássaros e borboletas vinham e voltavam, tudo muito lindo, e a medida que adentravamos mais e mais naquela estrada, ela ia ficando mais ingrime, de repente meus sapatos começaram a apertar meus pés... e cada passo apertava mais e mais, até o ponto de eu não aguentar e pedir:
- Sim, Filha, disse-me Ele sorrindo.
- Meus sapatos estão muito apertados, o que eu faço?
- Mestre, o Senhor viu a estrada? há tocos de árvores, espinhos, e pedras pontudas...
- Sim, vi sim, me falou ele.- Tira os sapatos...
- Sim, Senhor mas como vou tirar o meu sapato.... ?
- Filha, disse me calmamente, com seus olhos nos meus olhos, sorrindo, precisarás experimentar a dor nos teus pés...
- Por que? eu não entendo...
- Agora não entendes mas para frente entenderás...
Chorando e olhando seus olhos tirei meus sapatos... por que não sabia qual era pior, ficar com sapatos apertados, meus dedos cheios de calos ou andar descalça entre os espinhos, tocos e pedras pontudas.
Meus pés finos pisaram aquelas pedras, pontas e doiam muito... fui pisando devagarinho,
- Eu não conseguirei seguir no mesmo ritmo que vínhamos com meus pés descalços.
- Eu sei filha, por isso lhe acompanharei sem pressa, irei contigo no seu ritmo e nos seus passos...
Me estendeu a mão, a qual tomei e segurei firmemente, e a cada passo, novas lagrimas de dor fluíram dos meus olhos, e eu chorei muito, quando olhei meus pés... sangravam.
Nos dias que se seguiram, comecei a ficar irritada com as dores e com raiva do Mestre, por que enquanto eu chorava, Ele não me dizia nada, apenas segurava minhas mãos.
Fui andando e a cada amanhecer, Ele ficava do lado de minha cama ao léu, que faziamos todas as noites, algumas vezes acordava a noite e Ele estava passando suas mãos nos meus pés...
E quando eu levantava pra começar a caminhada, Ele se punha de pé do meu lado, e tomava minhas mãos, muitas vezes sem dizer uma só palavra...
No caminho acabamos encontrando muitas pessoas, elas pareciam estar sozinhas. Mas Ele me disse que estava com elas, mas como elas não O viam comigo, eu também não O via com elas, algumas me irritavam profundamente tentando se escorar em mim, enquanto minha dor doía... e eu os acabava empurrando, pois não aguentava nem comigo... como seguraria outra pessoa... ??
A noite sentávamos ao léu e conversavamos sobre o dia algumas vezes, nem sempre isso acontecia, naquela noite, falei:
- Mestre, você deve ter me achado pessima quando empurrei aquelas pessoas que tentavam escorar em mim, neah?
- Não filha, não acho que você seja horrivel ou pessima por isso.
- Por que? não entendi...
- Filha, eles estão no mesmo processo que você, e eles precisavam segurar em mim, não era seu tempo de frutificar e nem de escorar ninguém, eu te pedi isso, filha?
- O teu problema é que você pensa muito... inclusive pensa por mim...rs
- muitas vezes, falei rindo.
- No momento que você a empurrou eu os segurei ... fica na paz filha, dorme, como está seus pés hoje?
- Veja você mesmo Mestre, estiquei meus pés para que ele visse....
- A coisa não tá nada bonita, né não? deu-me uma piscadela
Meus pés estavam em carne viva, sangrando e inflamado....
- Filha, vem cá, encosta sua cabeça aqui. Encostei minha cabeça no seu peito e ali adormeci.
No dia seguinte, atravessamos um rio, as águas eram muito quentes, e pisei nas pedras que abriram meus pés, chorei muito, chorei e gritei de dor, Ele apenas me dizia:
Ele ficou do meu lado, sentou e chorou comigo e disse-me:
- Eu sei que dói filha, sentaremos aqui e só levantaremos e andaremos quando estiveres pronta...
Eu não tinha coragem pra levantar e andar... por que doía muito.... e então deitei sobre a pedra e adormeci anestesiada por tamanha dor...
Quando acordei estava no braço dEle, Ele me ajudou a chegar num lugar menos ingrime
Ao despertar Ele colocou me no chão, me perguntou:
- Pode continuar Filha???
Apenas lhe dei um olhar de indignação, e pensei como Ele pode?
- Filha, parece que fui carrasco agora neah? mas se você não andar a tua pele não cicatrizará se tornando mais grossa, pois lá na frente tu precisaras dos seus pés menos sensiveis...
- Com dor e lagrimas recebi seu olhar de amor, e aceitei de que Ele sabia o que estava fazendo.
Continuei andando, e Ele começou a me contar umas historias bem doidas, de quando visitou os astros celestes e tambem pisou no planeta Venus....
Bem continuemos e continuemos, a noite pensei: - Vou dormir e amanha nao vou levantar da cama...
No dia seguinte levantamos e percebi que meus pés doiam um pouco menos e ja nao sentia tanto assim as pedras e os galhos secos, mas os espinhos eram inevitáveis.
De repente comecei a andar e ele me disse:
- Filha, daqui pra frente tu nao vai precisar mais de suas roupas as abandone?
- Tira suas vestes, de agora em diante nao vais mais precisar delas....
- Gente!!! Mestre o Senhor ta doido? como assim?
- Filha, veste estas... e me mostrou em suas mãos uma veste comprida como a DEle e branca muito branca...
Troquei de roupa e continuamos a andar....
As vestes eram muito finas, e passava muito frio e a noite passava muito calor com elas, elas eram muito transparentes, e ao encontrar as pessoas naquele caminho me sentia exposta...
- Por que tenho que ser exposta dessa maneira? Por que tenho que passar por isso? dizia eu com muita raiva.
Ele apenas me olhava e abaixa a cabeça, enquanto sua cabeça estava baixando ouvia sua voz dizer: - Eu te compreendo...
Meus pés ainda doiam muito, eu nao aguentava... mas Ele foi fiel e acompanhou meus passos.
Os dias se passaram e com a falta de banho nas longas caminhadas, fui ficando "desgranhada", e ja não havia beleza alguma em mim...
Um dia andando pelos vales vi minha imagem refletida nas aguas e horrorizada fiquei e enchendo meus pulmões de ar gritei:
- Cade minha beleza? Onde ela está? O que o Senhor fez comigo e de mim?? Eu virei uma monstra?
Ele apenas me encarava nos olhos e nada dizia, sorria levente, como alguem que diz: - Agora eu vejo a verdadeira beleza em ti, e as vezes e por muitas vezes eu odiei aquele olhar, por que eles me confrontavam com o mais puro amor...
E os dias e meses e anos foram passando, quando chegamos a um vale montanhoso.
Ele levou ao alto de um monte e disse: Filha tá vendo aquela cachoeira e o rio?
- Sim, disse eu...
- Vai lá e se banha... e veste as roupas que estão sobre a pedra....
- Banho? eu vou poder tomar banho?
Ele apenas assentiu com a cabeça e sorriu...
Corri para aquelas aguas, e elas tinham vida, algo as soprava de baixo pra cima, fazendo um grande chafariz, tirei minhas vestes sujas e adentrei aquelas aguas... Meu Deus eram aguas quentes e que delicia, mergulhava, ia no fundo e voltava, e Ele de fora me via e sorria e as vezes com meus pulos das pedras dava altas gargalhadas...
Então eu lhe disse:
- Mestre, entra?!
- Não posso filha, essas são águas purificadoras, só os humanos se banham nela... aproveita...
Uma alegria começa a tomar conta de todo meu ser....
bem, uma hora tudo acaba e o banho acabou...
sai e vesti as vestes que me estavam postas.
e quando cheguei onde estava, Ele levantou e me abraçou e disse:
- Serva boa e fiel! Tenho muito mais pra lhe mostrar....
Ficamos um bom tempo abraçados, lagrimas e sorrisos vieram ao meu semblante, estar nos seus braços era tudo de bom, havia descanso e consolo!
Estás prontas filha!
- Pronta! expantada exclamei..
- Sim, pronta, venha. e me puxou para o alto do monte e me mostrou la embaixo...
- Havia centenas de pessoas presas num vale.. pessoas com aspectos zumbis e sem vida! Era mais um cemiterio de humanos vivos...
-O que é isso Mestre, e por que eles estão ali?
- Filha, o inimigo as prendeu ali... e nem Eu e nem meus anjos podemos chegar ali, mas os humanos revestidos com minha presença podem...
-Vá lá e apenas os ame! Cuide das feridas deles como cuidei das suas, deixe eles Me virem em ti! Daqui vais sozinha, e quando alguem responder o seu amor, leve-os ao rio que te levei e apenas os segure pela mão, caminhe junto e deixa o Resto com o Beneplacito.
Enquanto estava começando a descer, Ele me chamou de novo e me abraçou novamente e disse:
- Lembra sempre que eu te amo, vou contigo em ti, não estarás nunca sozinha !
- Confiante lhe falei: EU SEI!
Deu-me um longo beijo e nos despedimos...
Comecei a descer aquele vale e vi que as pedras, os espinhos e tocos eram muito mais ferozes que a estrada que passei, mas meus pés calejados já não machucavam mais... e já não me importava mais com aquele tipo de dor.
Ao chegar no campo vi muitos trabalhadores escravos, eles eram alem de zumbis infelizes, se é que existe algum zumbi feliz, mas enfim...
Comecei a puxar as lenhas e as pedras como outros trabalhadores, de repente uma mulher que estava a minha frente começou a passar mal, pois havia muitos dias que ela não se alimentava, a acudi e quando, e de repente senti uma forte dor nas minhas costas, um dos soldados que guardavam aquele campo, me deu uma chibatada e eu quase desmaiei de tamanha dor.
Os olhos da mulher se encontraram com o meu, e eu so conseguia sorrir para ela e ela apenas me devolveu um olhar frio.
Não fazia mal, eu não estava ali para ser amada, mas para amar!
Voltei ao trabalho e mais uma vez a mulher caiu... Olhei pra ela e estendi minha mão e lhe disse:
- Rápido, antes que o guarda volte! Ela imediatamente me estendeu a mão e eu a puxei e lhe disse: Se escora em mim! E ficamos de costas uma pra outra e ela ficou encostada em mim para não cair.
A noite fomos para o alojamento e ninguem conversava com ninguém, achava isso muito estranho!
Os dias se passaram e a mulher me falou seu nome era Lis...
Eu e Lis nos aproximamos timidamente... mas havia uma amizade entre nós que ia crescendo dia após dia.
Um dia os guardas sairam por que ninguém se atrevia deixar aquele campo por ser uma estrada de saida muito ingreme, e então eles por vezes abandonavam o campo em seus dias de folga, uma vez que a pessoa saisse dali, eles não iam atrás por que sabiam que elas morreriam no caminho.
Um dia disse para Lis...
- Lis tem dois caminho a sua frente. Um é você ficar aqui e morrer ou você seguir comigo pelo caminho e encontrarmos o Mestre da Vida!
- Não, você está louca! Ninguém que saiu daqui sobreviveu, morreu nessa estrada!
- Sim, imagino que sim, Mas o Mestre me treinou pra vir buscá-la e passarmos juntas pelo vale e pelo caminho estreito... Hoje seria um ótimo dia, já que os guardas não estão aqui!
Lis não fazia idéia do que eu estava falando, ficou estranhamente me olhando, pensativa me disse:
- Tem algo de diferente em você, e sinto que desde que chegou aqui, se importou comigo de fato! Eu não posso mais trabalhar aqui, estou ficando muito cansada e doente, por isso vou arriscar e segui-la!
Fiquei tão feliz que não cabia em mim. Tomei suas mãos e a abracei longamente e juntas choramos...
Tomei sua mão e saimos daquele lugar em direção a estrada, e o mais incrivel que aqueles zumbis que ali estavam comecaram a falar e gritar: -voces estão loucas não sobreviveram, voltem, voces morreram na estrada!!! Voltem ...
Resolvemos não olhar pra trás... e seguimos em frente, logo os pés de Lis começaram a sangrar e ela começou a olhar pra trás querendo voltar.... e reclamava muito e enquanto ela reclamava lembrei de meus dias com o Mestre... apenas lhe segurei mais firme suas mãos e seguimos adiante!
- Por que seus pés não sangram? Me perguntou irritada... Apenas olhei pra ela e sorri, pensei: - Mal sabe ela quanto já sangraram...
Ela chorava muito, seus pés estavam sangrando, inflamado, e no momento e lugar que estavamos nao havia lugar para sentarmos e descansarmos... chorei com ela, era unica coisa a fazer, pq na dor não há palavras que nos consolem!
E eu mais que ninguém sabia o quanto doiam os pés naquelas estradas. Lis começou a ter febre e febre muito alta e começou a delirar... - Nessa altura não sabia o que fazer, me senti perdida e Clamei ao Mestre... e dentro de mim ouvi apenas Ele dizer: segue em frente filha e não temas...
Andamos mais um pouquinho e logo avistei um arbusto com uma grama muito macia e sentamos ali, botei os pés de Lis no meu colo e rasguei um pedaço de minha veste e coloquei com ervas nos seus pés, enquanto ela dormia. Fui até o rio, tomei um pouco daquela agua e fiz um chá com algumas ervas que o Mestre me mostrou que era bom em alguns momentos da vida... Dei pra ela beber, ela continuava a dormir, e eu comecei a chorar, por que sabia da dor que Lis sentia...
No dia seguinte Lis acordou antes que eu e viu que seu pé doia menos e quis logo continuar andando! Tomei novamente sua mão e seguimos em frente, foi bem dificil, mas conseguimos!
Entao quando olhei vi o Mestre vindo em nossa direção, soltei as mãos de Lis e corri e me joguei nos seus braços, e ficamos um tempo abraçados, Lis ficou assustada e nem sequer se mexia! Disse eu toda euforica para o Mestre:
- Mestre vem cá deixa eu te apresentar a Lis... Ele correu na direção dela e fitou - a nos olhos e disse...
- Filha, há muito tempo vi teu sofrimento e dor, ouvia todas as noites quando tu choravas baixinho por sua vida sem sentido, seus conflitos. Estou aqui Filha, vem pra mim e eu te aliviarei e dar-tei meu fardo que é leve!
Lis ficou abismada como Ele sabia que ela chorava todas as noites... e viu nos olhos amor de quem realmente se importa... Correu para os braços dEle... eu fiquei a observar e amei o fato deles terem se conhecido.
E fomos nós tres abraçado subimos o pouco do vale que ainda restava e encontrei novamente aquele rio, e sai correndo e com roupa e tudo mergulhei naquelas aguas que me renovavam.
O Mestre ficou ali com Lis e lhe disse: Filha, entra no Rio, deixa as Aguas da Fonte da Vida te lavarem de todo seu sofrimento, dor e de todo teu pecado...
Ela correndo se jogou e gritou: Sim, Me lava e me purifica oh Aguas da Fonte da Vida!
Enquanto Lis aproveitava da Agua eu sai e fui para o Mestre da minha vida, sentei me ao lado dEle e encostei minha cabeça no seu peito, por que agora eu tinha intimidade com Ele! Ele me respondeu com um afago em meus cabelos... e me disse:
- Filha, você já viu seu reflexo na Aguas da Fonte da Vida?
- Não, sabe que ainda não, acho que da ultima vez que vi meu reflexo, levei um susto que agora nem quero mais olhar... ri e ele também!!! Eu amava o seu senso de humor... Ele ria das minha bobeiras...
- Vem cá, me disse Ele e me puxou pela mão... - Se inclina Filha e ve seu Reflexo.
Fiz isso e quando olhei: lhe falei: Mestre se o Senhor não sair da Frente eu não poderei ver, por que estou vendo seu Rosto no meu Reflexo... e quando olhei Ele estava bem atras de mim, Ele não poderia ser refletido na agua, estava muito distante pra isso. Nisso meus olhos começaram a derramar lágrimas de espanto e alegria, por que via agora no meu rosto sua IMAGEM!
- Filha, eu disse que tu iria ter uma surpresa ao se olhar no espelho! Não tenho prazer no sofrimento dos meus queridos, não Filha, eu sofro com eles, mas são eles que os transformam na minha imagem, ficam tão parecidos comigo, homens de dores e que sabe o que é padecer, que começa a entender e compreender seus irmãos e não a julgá-los e diminui-los por que sofrem...
Corri para os braços dEle e chorei e lhe disse:
- Meus maiores sofrimentos foram as minhas maiores libertações. Obrigada Mestre!!! Ficamos um tanto mais abraçados...
Ele rindo disse: Agora vamos lá tirar a Lis da agua antes que Ela fique transparente de tão purificada...
Haahahahhahahha rimos e fomos em direção ao Grande Rio das Aguas da Fonte da Vida!!!
... As lições que tiramos dos sofrimentos nos transformam em HUMANOS! Caminhemos pois no chão da Vida com AquEle que sabe o que é padecer, homem de dores, e quando Nossos pés estiverem cansados, sangrando e doendo, voltemos pra Ele e tomemos de volta seu fardo que é leve!!
E com o clip da Sandy acabou essa história... que acho que tem tudo a ver!!!
Shallom!!